Incomoda sim! - Parte I
Ritinha, nascida no Pernambuco, criada no Ceará, e agora tentando a vida em Salvador, vive à procura de uma oportunidade. Um dia desses, ela estava no ônibus indo para uma entrevista de emprego. Leu muito antes, entrou na internet, pesquisou como se comportar na entrevista, como se vestir e tudo mais. No meio da viagem, embarcaram então, três pessoas estranhas. Aliás, duas. Usavam lenços na cabeça de forma que a cobrisse por todo, deixando à vista apenas o rosto. Este, era coberto quase pela metade por um óculos bem extravagante.
Uma delas, sentou-se do seu lado, e conversou com a outra que estava à frente. Ritinha, muito esperta, tentou ouvir a conversa, mas nada entendeu. Pensou que sentiu uma vertigem. Fazia muito calor. Ritnha se abanava com as mãos de modo a incomodar qualquer um. Fazendo sempre sons para demonstrar sua impaciência e insatisfação com a temperatura. Ficou intrigada com aquelas mulheres. Naquele calor intenso, as duas amarradas de lenços. Deve tá quente pro diaxo ali dentro, pensou Ritinha. E decidiu puxar uma conversa.
- Tá calor ai não mulher?
- Hum?
- Calor!
- What?
- Que uát...Tô perguntando se você não sente calor, com esses panos ai!
- I do not speak their language.
- É o que mulher?! Deixe de manha e me responda logo...
- I'm sorry, i can't understand.
- Gente, acuda aqui! Essa mulher tá engasgada com alguma coisa! Rápido!
Ela tentou tirar os lenços da senhora, pensando estar incomodando. Aquelas duas mulheres, se não percebeu, eram do Oriente Médio. De onde? Bom, não se sabe de que país, mas se soubesse não faria diferença. Se dizem africano é tudo igual, muçulmano também é.
Prosseguiu-se aquela confusão.
- Raálála´la´lrarrrálala...
- Ixi gente, socorre! A mulher vai morrer!
Muita gente se levantou para ajudar. Ritinha não desistiu. Os amigos muçulmanos também não. Um moleque, provavelmente viciado em televisão, gritou:
- O homem bomba vai explodir!
Pânico geral. Correria. Ritinha ainda resiste em puxar os lenços da pobre mulher. A multidão enfurecida descontrolada estava para destruir aquele ônibus.
Continua.
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